sábado, 23 de março de 2024

 Quando começava a época das sardinhas, era de tradição na família, os meus Pais irem à Feira Popular comigo e com a minha irmã almoçar ao Lobos do Mar, a seguir iamos ao Café do Preto para eles beberem o café nuns copos de vidro encaixados numa pequena estrutura de metal com asa para não se queimarem, saíamos dali e íamos comprar rifas para tentar que saísse à minha Mãe um conjunto de tachos ou panelas, iamos dar a volta para ver as lojinhas que havia e voltávamos para casa para repetirmos no ano a seguir. Nunca iamos ver o Poço da Morte porque nenhum de nós gostava e nós tínhamos medo.

Tenho uma visão muito ténue disso tudo, lembro-me do café, tenho uma ideia do pavilhão das rifas que parecia os vendedores da banha da cobra que apareciam no Largo da Misericórdia em Lisboa que baixavam um lado das camionetas para de cima do palco vender tanto cobertores como pomadas, e quem estava à frente das rifas era parecido a apregoar quando a tômbola andava para se saberem os números das rifas sorteadas

Felizmente tenho memórias muito boas de quase toda a minha vida e adoro escrever sobre o passado, parece que estou a reviver e a saborear as experiências que tive.

Alfama onde vivia a minha avó paterna e onde nasceu o meu Pai e o irmão, quando dormia na casa da minha avó acordava todos os dias com os pregões das varinas que com as suas canastas à cabeça vendiam o peixe fresquinho, os pregões da fava rica, dos amoladores e os gritos de quem lá morava a avisar que vinha lá o polícia para pararem de sacudir as roupas à janela para não pagarem multas.

Os pregões da fava rica não me consigo lembrar mas o engraçado é que ainda hoje não gosto de favas fritas, quanto à sua outra questão é verdade, deitar fosse o que fosse pela janela, sacudir tapetes ou outra coisa qualquer se a polícia visse era multa pela certa.
Os tempos eram outros e a polícia também, havia a polícia de giro (penso que era assim que se chamavam) que estavam sempre a percorrer os bairros a pé por isso antes de sacudir, por exemplo, um tapete a minha avó olhava para todos os lados para ver se havia algum polícia para não ser multada.
 O Castelo de São Jorge quantas vezes fui para lá fazer um piquenique com a minha avó, íamos para perto de uma gruta onde havia uma fonte natural para nós ( com uns copos que se montavam) bebermos água fresca a acompanhar o farnel que levávamos,
A Feira da Ladra a minha avó morava na Cruz de Santa Helena, às 3 feiras e aos sábados saíamos de casa, passávamos pelo Casão directas à Feira da Ladra perdíamos muito tempo a ver cada pano no chão onde eram colocadas as mercadorias para venda, aproveitávamos para ir à Praça que ficava (penso que ainda existe) no meio da Feira e antes de voltar para casa íamos espreitar o jardim


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024


Enquanto o meu Pai estava na tropa, a minha Mãe vivia com a minha avó paterna e foi aí que ficou grávida de mim. Quando começaram a haver problemas familiares os meus Pais alugaram um quarto na casa de uma prima chamada Dalgiza.
No dia 17 de Fevereiro de 1952 nasci na mais conhecida maternidade do País senão do mundo a MAC. Tinha os olhos tão rasgados que, na brincadeira, diziam que eu era chinesa e tinha sido trocada.
Quando saímos da maternidade fomos para casa da prima onde vivemos 2 ou 3 anos e a quem eu chamava Avó. A avó tinha um papagaio que tinha uma casinha para onde ele ia todas as noites para dormir, ninguém o mandava ele ia sózinho e ficava à espera que a dona corresse o cortinado que tapava da luz. Penso que seja por isso que eu adoro papagaios.
Como era numa rua perpendicular à Av Almirante Reis fui baptizada na Igreja dos Anjos por um padre que era considerado um santo, conforme contava a minha Mãe.
Como o meu padrinho, e irmão do meu Pai, tinha alugado uma vivenda no Cacém convenceu os meus Pais a alugarem uma vivenda ao pé deles e lá fomos nós pela primeira vez viver numa casa só para nós.
Não me recordo quanto tempo lá vivemos, os meus padrinhos foram viver para perto do Largo do Carmo e nós começámos a odisseia pela Amadora.
Primeiro alugaram uma vivenda na zona alta da cidade, depois alugaram uma cave numa rua interior por detrás da Av Elias Garcia e finalmente fomos viver para um andar num prédio novo junto à passagem de nível e do outro lado da linha eram e são hoje em dia os Bombeiros.
Com a ida para esta casa começou uma nova etapa das nossas vidas, como a renda era cara fomos viver para lá com os meus avós maternos e o meu tio João. Foi nesta casa que nasceu a minha irmã tendo a ajuda de uma parteira e do meu Pai e foi baptizada na Igreja da Porcalhota.
Quando os meus avós foram tentar a sorte para Angola nós fomos viver para Benfica fazendo parte do agregado familiar o meu tio João. Foi graças a ele que andei num colégio particular e só fui para a escola pública quando ele se casou, saiu da nossa casa e foi constituir a sua família.
O meu querido tio João faz no dia 5 de Fevereiro 90 anos. As minhas memórias são uma prenda para ele
AMO-O TIO o irmão caçula da minha Mãe

sábado, 19 de agosto de 2023

 Mesmo antes de se chegar ao Arco, do lado esquerdo, vivia a irmã da minha tia/madrinha. A casa era linda, grande e enorme. Logo que se entrava tinha uma salinha pequena para as pessoas esperarem até serem atendidas. Do lado direito e no canto do corredor havia o quarto dos tios (como eu lhes chamava) um escritório e uma sala grande e davam para a frente da casa e para esta rua. O corredor voltava para a esquerda e do seu lado direito havia um quarto com 2 camas onde eu dormia com a minha prima e a minha madrinha quando ia para lá e a casa de jantar. No lado esquerdo do corredor havia a casa de banho enorme e um quarto só com roupeiros onde eram guardadas todas as roupas (de vestir, de cama e de mesa). No fundo e como uma cereja no topo do bolo ficava a cozinha tão grande que dava para fazer refeições para um quartel. Tanto a cozinha como a casa de jantar davam para uma varanda enorme. Tanto a casa de banho de banho como o quarto das arrumações davam para um saguão. Era uma casa linda que viverá eternamente nas minhas memórias

terça-feira, 15 de agosto de 2023

 Fiz este ano 48 anos de casada e ainda vivia com os meus Pais quando começámos a ir ao Restaurante Serol. Depois de casar e quando vinha de férias íamos sempre lá almoçar e como vim morar para Armação de Pêra em Novembro de 2021 era, para mim o melhor de todos, aniversários, quando vinham os familiares de Lisboa eram sempre recebidos neste restaurante como se fosse o nosso cartão de visita.

Como os sobrinhos vinham almoçar connosco nós dissemos, como sempre, ok vamos almoçar ao Restaurante Serol e para garantir lugar marcámos para as 13h com a recomendação da parte deles de que tínhamos que lá estar a essa hora. Às 13 horas lá estávamos e como eles não apareciam mandámos vir cerveja para um e vinho branco para o outro, mais pão e entradas para que a mesa não ficasse com ar de vazia.
Como a nossa casa é um T0 eles ficam sempre em Faro na casa de uma amiga.
Até aqui tudo bem só que ninguém se lembrou que no Algarve havia encontros relacionados com a Jornada da Juventude e a 125 estava com imenso trânsito e em determinadas zonas havia engarrafamento.
Conclusão eles chegaram 25 minutos atrasados.
No fim levámos nas orelhas do dono da casa como se estivéssemos na escola.
Lamentávelmente logo ontem pagámos 104,00 pelo almoço, 30,00 por uma caldeirada para 2 pessoas em que as postas grandes eram de safio cheia de espinhas (por ser da barriga), uma posta de garoupa grelhada, fininha e aberta por 21,00 e a única que escapou fui eu que pede sempre a mesma coisa para não ter reclamar (filetes de pescada).
A partir de ontem para nós o RESTAURANTE SEROL morreu, está enterrado e com tanto restaurante em Armação de Pêra porquê continuar a insistir neste????
Todas as reações:
Graça Rafael Tavares, Casimiro Fernandes e 10 outras pessoas

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

 Quando trabalhei na Tesouraria de Letras por cima era a Contabilidade onde trabalhava o meu querido amigo Jaime Moiteiro (já falecido) e ai os débitos eram todos do lado da janela. Com esse colega havia uma ligação que só terminou com a sua morte: entrei em 1972 para o Campo Grande ele já lá estava, foi para a Contabilidade e eu passado pouco tempo fui para a Tesouraria de Letras, pedi transferência para Benfica e passado pouco tempo ele também foi para essa dependência onde esteve até morrer o que aconteceu a poucos dias da reforma. Existem casamentos que não duram tanto tempo.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Quando o meu Pai estava na tropa ele e a minha Mãe resolveram casar e foram viver com a minha avó Olinda.

Quando a minha Mãe ficou grávida as coisas ficaram complicadas porque ela começou a ter ameaça de aborto, a minha Avó e o irmão do meu Pai (mais tarde meu Padrinho) queriam que ela abortasse e ela não queria. Como ela tinha que estar em repouso e o meu Pai se encontrava ausente o ambiente começou a ficar insuportável por isso a solução foi saírem de casa da minha Avó e alugarem um quarto na casa da prima Dalgiza. Foi quando lá viviam que aqui a minha pessoa nasceu (na MAC). Não tenho memórias nenhumas desse tempo embora me lembre de lá ir vê-la quando já era mais crescida.

O meu Padrinho, mulher e filha ( minha prima Manuela mais conhecida na família  pela Nelinha) alugaram uma vivenda no Cacém e os meus Pais alugaram outra perto deles. 

Dali mudámo-nos para a Amadora onde vivemos em 3 casas, a primeira não me lembro dela, a segunda só recordo que era uma cave e que quando chovia entrava lá água. Da terceira, por já ser mais crescida, tenho muitas memórias tanto da casa como da zona. Foi nela que vivemos com os meus avós maternos o Joaquim e a Ilda. Havia pelo menos 3 quartos já que cada um tinha o seu, na casa de jantar havia uma marquise e estavam separadas por uma cortina que era usada por mim e pela minha prima para dar espectáculos enquanto a família se sentava no outro lado da cortina à espera. 

Este período, quanto a mim, foi muito importante para a minha formação já que a minha avó me contava histórias  a propósito de tudo e de todas as situações, estes contos tinham ensinamentos: os bons vingavam sempre, os maus eram sempre castigados. 

Foi nesta casa que a 10 de Abril nasceu a minha irmã tendo assistido ao parto uma parteira e o meu Pai.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

 Em Benfica, na Av Gomes Pereira quase em frente à antiga junta havia todas as semanas uma carrinha biblioteca itenerante, todas as semanas ia lá entregar os livros já lidos e requisitava outros. Toda a minha leitura dessa época foi feita graças a elas, os meus Pais não tinham dinheiro para me comprarem livros, tudo o que eu lia era graças às bibliotecas itenerantes

sábado, 5 de setembro de 2020

 Conheço Faro desde criança e conheço muito bem. No entanto nunca tinha entrado no Mercado. Para já vale a pena uma visita a esta praça pois eu não conheço nenhuma como ela, parece um Centro Comercial e depois acabar a visita no Restaurante O Palhacinho.

Já tenho comentado aqui como gosto de enguias, fritas ou de ensopado, agora caldeirada nunca tinha comido. Uma maravilha, muito bem feita, bem servida e as enguias fresquíssimas.
O funcionário que nos atendeu muito profissional e simpático.
Depois fomos fazer uma coisa que fazemos em todas as cidades e que em Faro nunca tínhamos feito, andar no comboio pela cidade.
A melhor parte, embora já conhecida por nós, é a parte velha da Sé.
Já na recta final das férias se calhar ficará para o ano mas prometemos volta

É verdade, é uma cidade onde volto sempre com muito prazer. Velhos tempos em que ia para Faro sózinha entregue a alguém até ao destino onde me aguardava o Tio Cortes e me levava para casa deles onde passava temporadas de férias. Cheguei a frequentar lá uma escola, bastante estranha por sinal. No 1 dia a Babita (nome carinhoso que eu dava à Bárbara) foi comigo e eu tinha que levar 2 coisas uma cadeira, para me sentar, e uma ardósia para escrever o que me mandavam.

Ainda hoje ao vêr a porta da cozinha, o recanto na entrada e o Arco do Repouso fiquei com um nó na garganta por terem deitado abaixo as minhas memórias tão queridas


 Alguém me ofereceu o livro de António Aleixo quando era uma adolescente, foi paixão à primeira vista, depois de se ler nunca mais se esquece e é um livro para reler quando é preciso.

Tenho alguns livros na minha vida muito importantes, dos quais não me desfaço e que releio de vez em quando:
--- o livro do António Aleixo
--- o livro com a coletânea de Ary dos Santos
--- "As três Sereias" de Irving Wallace
Faz de conta que são as minhas bíblias. Tenho caixas e caixas de livros para vender mas nunca estes 3

sábado, 2 de dezembro de 2017

9 é verdade foram 9 as partilhas que fiz de animais que desapareceram só esta noite, quantos donos estão a esta hora na rua à procura dos seus amigos de 4 patas? Não consigo entender como é que os perdem, quando tinha a minha menina nunca a soltava nem 1 segundo, nunca fui a nenhuma loja deixando-a cá fora atada, nunca, nunca, nunca mas por outro lado conheço bem o sentimento de perda e de medo de nunca mais os ver